Nesta seção, iremos colocando uma breve história sobre os Mestres que consideramos mais importantes.
Ressaltamos que não é uma biografia extensa de cada Mestre, mas uma descrição breve com o que consideramos mais relevante, deixando aos leitores a liberdade de pesquisarem mais a fundo sobre a vida de cada capoeirista aqui apresentado.
Iremos adicionando Mestres de a pouco...
MESTRE BIMBA
Manoel dos Reis Machado, conhecido no mundo da Capoeira como “Bimba”, é um dos Mestres mais importantes e possivelmente sobre o qual contaremos mais coisas em toda esta seção.
Aprendeu Capoeira com um africano chamado Bentinho. Foi o responsável por “tirar a Capoeira da rua” e dar a ela um toque mais marcial.
Fundador do Centro de Cultura Física Regional Baiana, onde praticava a “luta regional baiana” (lembremos que, naquela época, praticar Capoeira era proibido pelo código penal), que mais tarde conheceríamos como Capoeira Regional.
Também foi responsável por realizar uma exibição para o governador da Bahia, Getúlio Vargas, que considerou a Capoeira como o único esporte “genuinamente brasileiro” e retirou a Capoeira do código penal.
O Mestre Bimba foi o primeiro a registrar legalmente uma academia de Capoeira em 23 de junho de 1937.
Pioneiro em criar uma metodologia para ensinar Capoeira, implementar um “exame de ingresso” na academia, criar o “batizado” (muito diferente do que conhecemos hoje) e utilizar graduações (lenços) para as diferentes etapas do aluno.
Devemos a ele o fato de que hoje em dia podemos praticar Capoeira livremente.
MESTRE PASTINHA
Vicente Ferreira Pastinha, conhecido no mundo da Capoeira como Mestre Pastinha, é, junto com Mestre Bimba, um dos 2 Mestres mais importantes que tivemos.
Aprendeu Capoeira graças a um africano chamado Benedito. Foi o grande defensor e difusor da Capoeira Angola (era a Capoeira primitiva, mas com o surgimento da Capoeira Regional, passou a ser conhecida como Capoeira Angola).
Amorzinho lhe entregou, em Jinjibirra, “a chave da Capoeira Angola” para que a organizasse, ensinasse, transmitisse e defendesse.
Fundou o Centro Deportivo Capoeira Angola (primeira academia de Capoeira Angola), onde adotou como uniforme as cores amarelo e preto, do seu time de futebol da infância, o Esporte Clube Ypiranga.
Em 1966, foi convidado para o Festival Mundial de Artes Negras que aconteceu na África (Dacar – Senegal), um sonho para o Mestre, pois queria verificar se existia Capoeira na África.
Devemos a ele o fato de que hoje em dia podemos continuar aprendendo Capoeira Angola.
BESOURO MANGANGÁ
Manoel Henrique Pereira nasceu em Santo Amaro, Bahia, em 1895, e foi assassinado em 1924 por um ferimento causado por uma Faca de Ticum.
Foi trabalhador de um rico conhecido como Dr. Zeca, proprietário de uma plantação de cana-de-açúcar em Maracangalha, que lutava contra as injustiças, defendia a população negra e pobre da região e enfrentava a polícia graças às suas habilidades na Capoeira, assim como sua malícia e mandinga.
Diz-se que treinou Capoeira em Santo Amaro com Mestre Alípio, que lhe deu o apelido Besouro Mangangá, embora também se registre que treinou com Paulo Barroquinha, Canário Pardo, Siri de Mangue e Maria Doze Homens.
Há muitas histórias sobre Besouro Mangangá (ou Besouro Preto, como também é conhecido), mostrando que mesmo em desvantagem numérica contra a polícia armada, conseguia sair ileso. Diz-se que, além de suas habilidades, ele possuía “o corpo fechado” (ritual utilizado pela religião do Candomblé para tornar a pessoa invencível a qualquer ataque, incluindo ataques com facas ou balas; a pessoa que realizava o ritual devia se abster de relações sexuais e portar um Patuá, que era um amuleto).
Chegou um momento em que Dr. Zeca quis se livrar de Besouro, mas conhecendo sua fama, tinha medo e planejou uma estratégia para se livrar dele. Besouro era analfabeto e foi instruído a entregar uma carta a um colega proprietário de outra plantação, a alguns dias de distância. Na carta estava escrito: “Matem o portador desta carta.”
Como Besouro era conhecido por ter “o corpo fechado” e se abster de sexo, pagaram uma prostituta local para embriagá-lo, deitar-se com ele e roubar seu Patuá.
No dia seguinte, enquanto Besouro retornava para Maracangalha, foi cercado por 4 homens. Durante a luta, um deles, Eusébio de Quisaba, esfaqueou Besouro pelas costas com uma Faca de Ticum (dizia-se que era a única arma capaz de penetrar em um corpo fechado), caso ainda restasse alguma proteção mágica em Besouro.